Seminário debate os problemas que atingem trabalhadores de call centers

Autor: Redação Sinttel
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Na segunda-feira (19/11), o escritório Mauro Menezes & Advogados e Sinttel-DF realizaram o seminário “Por um fio: a vulnerabilidade das trabalhadoras e trabalhadores em teleatendimento”, para debater as péssimas condições de trabalho nos call centers do Distrito Federal e do Brasil. Dezenas de pessoas entre sindicalistas, advogados, pesquisadores, professores, trabalhadores de call centers, estudantes universitários e convidados participaram do evento no Auditório da Universidade Unieuro. Para o diretor do Sinttel-DF Geraldo Coan, o seminário foi fundamental para discutir os problemas que afetam a categoria, bem como planejar ações concretas para enfrentar essa realidade, que piorou depois da reforma trabalhista.

De acordo com o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro João Batista Brito Pereira, os problemas trabalhistas que atingem os teleoperadores nos call centers são bastante conhecidos e muitos resultaram em ações na Justiça do Trabalho. “É raro uma demanda de um trabalhador de teleatendimento que não tenha uma queixa sobre assédio moral. É muito raro porque o ambiente de trabalho não é dos melhores ou às vezes é o tratamento que não é dos melhores”, enfatizou.

Segundo a professora da UNICAMP, Selma Borghi Venco, a migração de vários call centers para a Região Nordeste, principalmente nos estados da Bahia e Paraíba, resultou em uma piora nas condições trabalho e desrespeito às normas estabelecidas na NR 17 “...É uma volta ao passado porque com essa ida para o Nordeste elas [empresas] recuperaram aspectos [práticas] que já foram combatidos pelo movimento sindical em São Paulo”. Ainda de acordo com a pesquisadora, tem coisas [trabalho precário] que acontecem atualmente no ambiente de trabalho como se a NR 17 não existisse, por isso, é preciso conhecer essas regras e exigir das empresas o cumprimento da lei.

A trabalhadora de call center e representante sindical Shirlei Pereira dos Santos Rodrigues, denunciou que os teleoperadores são pressionados de forma sistemática para alcançarem as metas estabelecidas pelas empresas e, consequentemente, o número de trabalhadores afastados por motivos de doenças ligadas ao exercício da profissão é assustador. “O adoecimento é causado pelos atendimentos estressantes. Estamos sempre à disposição da empresa para gerar lucro, mas ela não se dispõe a cuidar dos seus empregados”, afirmou. Shirlei acrescentou ainda que o sindicato combate diariamente essas práticas cruéis e desumanas no ambiente de trabalho e desperta nos trabalhadores a consciência política para lutarem junto com a entidade sindical por melhores condições de trabalho nas empresas.

Para o presidente do Sinttel-DF, Brígido Ramos, o seminário foi mais um momento fundamental para discutir as atrocidades que ocorrem nos call centers do Distrito Federal e pelo país a fora. Saber que nossos jovens estão adoecendo nos call centers é assustador, o que exige do movimento sindical uma ação conjunta para combater essas práticas tão nefastas e perversas. Além do Sinttel-DF, participaram do seminário a Fitratelp, Sinttel-PI, Sinttel-PB, Sinttel-RS, Sinttel-SE, Sinttel-PA e Sinttel-MG. A deputada federal reeleita Erika Kokay (PT-DF) participou da abertura seminário e reafirmou à direção do Sinttel-DF a necessidade de realização de audiências públicas na Câmara dos Deputados para debater a precarização do trabalho nos call centers, a regulamentação da profissão de teleoperador e criação do piso nacional da categoria.





Data

20/11/2018

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