Sindicalistas propõem regulamentação e piso profissional no telemarketing

Sindicatos representantes de atendentes de telemarketing apresentaram projeto de lei que regulamenta a profissão e estabelece

Autor: Redação CUT
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Sindicatos representantes de atendentes de telemarketing apresentaram projeto de lei que regulamenta a profissão e estabelece piso para categoria de R$ 1.050. O projeto foi encaminhado para o Senado em audiência pública conduzida pelo senador Paulo Paim (PT-RS) na Comissão de Direitos Humanos nessa terça-feira (3).

Na audiência, os sindicalistas também cobraram o fim de abusos cometidos pelas empresas, que vão de assédio moral para cumprimento de metas a limites de idas dos trabalhadores ao banheiro. “É preciso estabelecer um piso nacional mínimo de pelo menos R$ 1.050 para o trabalhador, carga horária de seis horas e adicional de penosidade, que já é previsto na Constituição Federal”, ressaltaram os sindicalistas.

O descumprimento de normas trabalhistas por empresas de telemarketing foi confirmado pela auditora fiscal do Trabalho, Odete Cristina Reis e pela procuradora do Trabalho, Renata Coelho. Ambas disseram ser comum ao setor um modelo de gestão “por stress”, com estímulo abusivo à competição entre trabalhadores e extremo rigor na supervisão.

“Temos vários exemplos da aplicação de medidas disciplinares por atrasos de um minuto, dois minutos. O TST já reconheceu esse rigor das empresas na aplicação de medidas disciplinares, por motivos banais”, afirmou Odete. Elas relataram ainda a prática de jornadas de trabalho com intervalos insuficientes, que resultam em doenças osteomusculares, da voz e psíquicas. Em consequência, disse Renata Coelho, é grande a rotatividade da mão de obra no setor. Em geral, informou, um atendente de telemarketing pede demissão antes completar dois anos no emprego.

Além da pressão que enfrentam dos patrões, os atendentes de telemarketing sofrem ainda pressão dos consumidores insatisfeitos com os serviços prestados pelas empresas, como afirmou Maria Iara Martins Paiva, diretora da Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações. “O teleoperador é o testa de ferro em quem o usuário despeja sua insatisfação pelos problemas no serviço prestado. É assédio externo dos usuários”

Para o diretor do Sinttel-DF e diretor estadual da CUT Brasília, Geraldo Coan, a terceirização é um grande problema para categoria. “Além de terem salários baixos, os trabalhadores não têm estabilidade no emprego, vivem inseguros com medo de serem demitidos a qualquer momento. Parece que virou moda os patrões mandarem os trabalhadores embora e repassar o contrato para outros estados onde podem pagar menos aos funcionários”. O dirigente ainda ressalta que a necessidade de estabelecer um piso para o vale alimentação da categoria. “Em muitos estados as empresas pagam o ‘vale coxinha’ e precisamos acabar com isso também. Assim a categoria vai ter mais condições de trabalhar dignamente”.

O senador Paulo Paim se comprometeu com a categoria. “Vamos encaminhar o projeto de regulamentação dos trabalhadores”, assegurou ao final do debate, em apoio à aprovação de uma legislação que proteja os direitos dos trabalhadores do setor.

Fonte: CUT Brasília com informações da Agência Senado

Data

11/11/2015

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